Juma foi acorrentada por militares para participar do revezamento da tocha em Manaus |
Pouco
mais de um mês da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de
Janeiro, o brasileiro se depara com mais um, dentre tantos absurdos que nos
cercam diariamente: Uma onça-pintada foi utilizada para participar do revezamento
da Tocha Olímpica em Manaus. Durante o transporte do animal houve uma falha e a
Onça, Juma, acabou se soltando e foi abatida com um tiro. O Comitê
Organizador dos Jogos emitiu uma nota dizendo que errou e lamentou o ocorrido.
O
que chama a atenção é a tamanha ignorância daqueles que fazem parte da
organização do evento que é considerado o maior do mundo. Colocar um animal
selvagem e acorrentado em um evento que tem como simbologia a paz e a união é a
maior imbecilidade que poderia ser pautada. Para além disso, o animal acabou
morto- com desfecho ainda mais calamitoso para os infelizes organizadores. Não
basta pedir desculpas ou lamentar o ocorrido. Agora é tarde. A problemática é que
não há mais tempo de errar. O erro já fora cometido quando o Rio e
consequentemente o Brasil, acabaram selecionados para sediar as Olimpíadas. Um
país que não possui educação, saúde, infraestrutura, segurança, distribuição de
renda e terra, não pode fazer de uma organização de um evento tão complexo como
escada para se desenvolver. Essa é uma tarefa- de ponto de vista legal- dos
políticos que ignoraram tal fato por décadas.
O
Rio de Janeiro está quebrado. Esse evento é uma das maiores farsas, assim como
a Copa do Mundo, para que empresas implicadas em esquemas nacionais de
corrupção mantivessem suas mais asquerosas formações de quadrilha para
perpetuar-se aonde estão- tão somente devido às mesmas práticas ilícitas e
criminosas. Fizeram com a Juma (a Onça) o mesmo que fizeram com o projeto
olímpico ambiental. Prometeram replantar milhões de árvores. Nada feito. Prometeram
despoluir a Bahia de Guanabara. Nada feito. Prometeram despoluir as Lagoas da
Barra e Rodrigo de Freitas. Claro que nada feito. Quem não é capaz de cumprir
com as prerrogativas mais que necessárias para que o carioca aceitasse esse
tipo de evento- mudanças efetivas na cidade- não pode ser capaz de ter zelo em
um revezamento (ridículo) de tocha. Fizeram com a Juma o mesmo que é feito
diariamente na cidade olímpica. Negligência, irresponsabilidade, má gestão
pública e do dinheiro público.
Desmorona
uma ciclovia que custou milhões. A mesma está sendo reconstruída, cheia de
rachaduras, denúncias de péssima execução. Cariocas morreram. Obras olímpicas
estão atrasadas. A crise econômica é tão intensa que a obra do Metrô, por
exemplo, só será finalizada com a ajuda do governo federal, pois o Rio
encontra-se em estado de calamidade pública. Não é só das olimpíadas a responsabilidade
pelo quadro corrosivo que nos encontramos. É principalmente pelos jagunços que
se apropriaram do poder político partidário como verdadeiros coronéis, onde
apenas os seus interesses pessoais são levados em consideração. As obras
olímpicas são realizadas com empresas investigadas na operação Lava-Jato,
envolvidas com esquemas de corrupção principalmente com o PMDB- partido que
governa o Rio. O final dessa história, já sabemos.
Um
país que tem 12 milhões de desempregados, saúde sucateada, governos estaduais
quebrados e sem condições de pagar dívidas, escolas em greve e ocupadas de
norte a sul, servidores e aposentados que dependem do pagamento para comprar
remédios- por exemplo- sem receber salários, não pode, sob hipótese alguma
receber Jogos Olímpicos. Muito menos utilizar esse evento, respeitado
mundialmente, para lavar dinheiro, corromper em meio a dezenas de obras
bilionárias, destruir o meio ambiente e sobretudo, usar animais nativos e
selvagens como personagens de um teatro que só poderia ter o final que teve.
Não era a Juma quem deveria estar acorrentada em meio ao circo das Olimpíadas.
Algumas dezenas- pelo o menos- de nomes de cidadãos que se encontram na
política, corrompedores do sistema e criminosos, facilmente serviriam para tal
ato abominável.
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