terça-feira, 21 de junho de 2016

Metáfora Olímpica: Fizeram com a Onça o que fazem com o povo


Juma foi acorrentada por militares para participar do revezamento da tocha em Manaus

Pouco mais de um mês da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, o brasileiro se depara com mais um, dentre tantos absurdos que nos cercam diariamente: Uma onça-pintada foi utilizada para participar do revezamento da Tocha Olímpica em Manaus. Durante o transporte do animal houve uma falha e a Onça, Juma, acabou se soltando e foi abatida com um tiro. O Comitê Organizador dos Jogos emitiu uma nota dizendo que errou e lamentou o ocorrido.
O que chama a atenção é a tamanha ignorância daqueles que fazem parte da organização do evento que é considerado o maior do mundo. Colocar um animal selvagem e acorrentado em um evento que tem como simbologia a paz e a união é a maior imbecilidade que poderia ser pautada. Para além disso, o animal acabou morto- com desfecho ainda mais calamitoso para os infelizes organizadores. Não basta pedir desculpas ou lamentar o ocorrido. Agora é tarde. A problemática é que não há mais tempo de errar. O erro já fora cometido quando o Rio e consequentemente o Brasil, acabaram selecionados para sediar as Olimpíadas. Um país que não possui educação, saúde, infraestrutura, segurança, distribuição de renda e terra, não pode fazer de uma organização de um evento tão complexo como escada para se desenvolver. Essa é uma tarefa- de ponto de vista legal- dos políticos que ignoraram tal fato por décadas.
O Rio de Janeiro está quebrado. Esse evento é uma das maiores farsas, assim como a Copa do Mundo, para que empresas implicadas em esquemas nacionais de corrupção mantivessem suas mais asquerosas formações de quadrilha para perpetuar-se aonde estão- tão somente devido às mesmas práticas ilícitas e criminosas. Fizeram com a Juma (a Onça) o mesmo que fizeram com o projeto olímpico ambiental. Prometeram replantar milhões de árvores. Nada feito. Prometeram despoluir a Bahia de Guanabara. Nada feito. Prometeram despoluir as Lagoas da Barra e Rodrigo de Freitas. Claro que nada feito. Quem não é capaz de cumprir com as prerrogativas mais que necessárias para que o carioca aceitasse esse tipo de evento- mudanças efetivas na cidade- não pode ser capaz de ter zelo em um revezamento (ridículo) de tocha. Fizeram com a Juma o mesmo que é feito diariamente na cidade olímpica. Negligência, irresponsabilidade, má gestão pública e do dinheiro público.
Desmorona uma ciclovia que custou milhões. A mesma está sendo reconstruída, cheia de rachaduras, denúncias de péssima execução. Cariocas morreram. Obras olímpicas estão atrasadas. A crise econômica é tão intensa que a obra do Metrô, por exemplo, só será finalizada com a ajuda do governo federal, pois o Rio encontra-se em estado de calamidade pública. Não é só das olimpíadas a responsabilidade pelo quadro corrosivo que nos encontramos. É principalmente pelos jagunços que se apropriaram do poder político partidário como verdadeiros coronéis, onde apenas os seus interesses pessoais são levados em consideração. As obras olímpicas são realizadas com empresas investigadas na operação Lava-Jato, envolvidas com esquemas de corrupção principalmente com o PMDB- partido que governa o Rio. O final dessa história, já sabemos.

Um país que tem 12 milhões de desempregados, saúde sucateada, governos estaduais quebrados e sem condições de pagar dívidas, escolas em greve e ocupadas de norte a sul, servidores e aposentados que dependem do pagamento para comprar remédios- por exemplo- sem receber salários, não pode, sob hipótese alguma receber Jogos Olímpicos. Muito menos utilizar esse evento, respeitado mundialmente, para lavar dinheiro, corromper em meio a dezenas de obras bilionárias, destruir o meio ambiente e sobretudo, usar animais nativos e selvagens como personagens de um teatro que só poderia ter o final que teve. Não era a Juma quem deveria estar acorrentada em meio ao circo das Olimpíadas. Algumas dezenas- pelo o menos- de nomes de cidadãos que se encontram na política, corrompedores do sistema e criminosos, facilmente serviriam para tal ato abominável. 

sábado, 30 de abril de 2016

Evento do PSOL com Jean Wyllys, Marcelo Freixo, Chico Alencar e Glauber Braga lota a ABI e faz críticas ao "golpe"

O ato do Partido Socialismo e Liberdade, PSOl, para problematizar a atual conjuntura política do Brasil, levou uma multidão ao auditório da Associação Brasileira de Impresa, ABI, na noite desta sexta (29) e contou com a participação do Deputado Estadual Marcelo Freixo e dos Deputados Federais Jean Wyllys, Chico Alencar e Glauber Braga.



Os mais variados movimentos sociais também foram chamados para o debate. Falaram os representantes dos sem-teto, dos aposentados do Rio de Janeiro- que vivem um drama pela falta de pagamento por parte do governo estadual e das mulheres. Confira os vídeos:

"Quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro".
Aposentados do Rio: "Temer Não, Fora Cunha". 


O Deputado Estadual Marcelo Freixo foi o mestre de cerimônias do ato. Logo que abriu o evento, Freixo pediu desculpas pelo atraso e fez piada em tom de critica com o atual gestão da cidade do Rio: "Desculpa pelo atraso, mas o trânsito estava horroroso. Precisamos trocar logo esse Prefeito" brincou o deputado, que é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSOL. 

O Deputado Federal Jean Wyllys criticou o fato de apenas homens estarem representados à mesa de discussões e lembrou a criação das Comissões Especiais da Câmara dos Deputados, que foi motivo de polêmica na última semana. "Na verdade Eduardo Cunha criou três novas comissões permanentes(...) Na verdade, três comissões para que ele possa pagar, não só o apoio que ele teve na eleição dele para presidente da câmara, mas o apoio que ele teve na votação do impeachment" disse. Veja o vídeo:



Durante o evento, Jean Wyllys também recebeu a medalha Tiradentes- uma das maiores honrarias concedidas pela Câmara dos Deputados do estado do Rio de Janeiro. "Tiradentes dizia 'Liberdade ainda que tardia' e eu digo dignidade ainda que tardia" disse Jean. Confira o Vídeo:




O deputado Federal Chico Alencar também recebeu a medalha Tiradentes da Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro. Em sua fala, o deputado fez críticas ao processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff: "Sim a devolver ao povo o poder de decidir. Sem o povo decidindo, como eleitores livres, ninguém tem legitimidade. O congresso está corrompido pelo poder corrosivo do dinheiro. Sete de cada dez congressistas foram financiados por grandes empresas. Por isso tem bancada da bola, do boi, da Bíblia. Esse tipo de sistema político está decadente" disse. Confira o Vídeo:



Um dos maiores destaques da votação do processo de impeachment no dia 17 de Abril, o Deputado Federal Glauber Braga recebeu grande apoio do público presente no evento. Glauber chamou a atenção do Brasil ao chamar o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de gângster. Após esse episódio, ele começou a ser perseguido por opositores. Em seu discurso, o deputado disse que há duas possibilidades em relação ao processo de impeachment. "É possível reverter? Não, se depender só dos políticos. Sim, se depender do povo. O povo na praça pública consegue reverter o quadro" disse. O deputado criticou a direita brasileira: "Ocupem as praças. A direita não tem vocação para as praças". Em seguida, ele foi aplaudido de pé pelos presentes.













sábado, 23 de abril de 2016

EXCLUSIVO: "Olhei nos olhos dela e cuspi" revela José de Abreu sobre confusão por política; Ator responde Danilo Gentilli

O ator José de Abreu defende causas ligadas à esquerda e ao Partido dos Trabalhadores

O ator José de Abreu, contratado da TV Globo pelos últimos 35 anos e ativista político com ideologia da esquerda e ligado ao Partido dos Trabalhadores, se envolveu em uma grande confusão no final da noite desta sexta (22) com um casal em um restaurante japonês, em São Paulo. Divergências políticas foram as causas do episódio que terminou em cusparada.

Um vídeo que circula nas redes sociais (confira o vídeo aqui) mostra o momento em José de Abreu e sua mulher discutem com um homem e uma mulher que estavam sentados à mesa ao lado. Após muitas ofensas trocadas, o ator acabou dando uma cusparada no rosto do casal.

O blog conversou com José de Abreu e com exclusividade ele falou a sua versão da história “Minha mulher ficou sendo agredida verbalmente por mais de meia hora e não me falou. Eu não ouvi, acho que estou ficando surdo” disse. O humorista Danilo Gentilli discordou da atitude do Global e disse que “pentelhos do presidente Lula" foram encontrados no cuspe de José de Abreu. O ator rebateu: “Ele deve conhecer os pentelhos do Lula então?”.

José comentou ainda sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, negou que haja censura da parte da TV Globo na sua vida pessoal e confirmou a participação no Palco do Domingão do Faustão amanhã.  Confira a entrevista exclusiva completa:

O que de fato aconteceu na noite de ontem no restaurante Japonês que culminou na cusparada na cara do casal?

Eu estava na boa. A novela (A Regra do Jogo) acabou no dia 11 de março e no dia 12 eu já estava no Japão. Voltei ontem para São Paulo. Minha mulher ficou sendo agredida por mais de meia hora e não me falou nada. Acho que estou ficando surdo. A mulher estava transtornada, não sei o que ela tinha. Ela disse que a bolsa da minha esposa era comprada com dinheiro sujo do PT, que ela era uma vagabunda da Lei Rouanet (lei federal de incentivo à cultura). Minha esposa trabalha fora do país e eu sou ator da Globo há 35 aos. Não uso a Lei Rouanet desde o governo FHC eu acho. Quem a usa hoje em dia são os grande produtores. E não é crime usar a Lei Rouanet. O Ary Fontoura usa, por exemplo. E com todo o direito. Ele escreve, dirige, produz. Eu não uso porque não tenho saco e porque estou fazendo novelas na Globo.

O que passou pela sua cabeça quando você estava de frente com uma situação que é a representação da intolerância entre os lados opostos da política partidária que acontece tomou conta do Brasil inteiro?

Eu pensei “chegou a minha vez”. Aconteceu com o Chico Buarque, com o Guido Mantega, inclusive em um hospital. As pessoas estão ficando loucas. Quando eu ouvi as agressões, eu pedi para ele se levantar e fazer o seu discurso. Jamais bateria nele. Foi cusparada mesmo.

Você deu uma cusparada na mesma semana em que o deputado Jean Wyllys deu uma semelhante no deputado Jair Bolsonaro. Por que a cusparada?

Eu nem pensei no Jean na hora. Não tinha como eu dar um soco neles. Não faço isso. O cuspe foi de bom tamanho.

Você deu um cuspe na cara de uma mulher. Você se arrepende?

A mulher ficou na minha frente me chamando de ladrão. Eu perguntei por que. Ela respondeu que eu sou vagabundo. Eu perguntei por que. Ela respondeu que eu sou vagabundo. E continuou falando isso. Eu olhei no olho dela e cuspi na cara dela. Você sai para jantar e é agredido. Isso é um absurdo. Nem ele, nem ela, podem agredir ninguém. Se ela me chamou de vagabundo e ladrão, cuspe é uma boa resposta. Não tenho receio.

Há algum tipo de pressão ou censura na TV Globo por conta das sua posições políticas?

Jamais houve, tem ou terá. Nada. O Roberto Marinho já dizia: “Dos meus comunistas cuido eu”. É idiotice pensar que há algo assim de censura. Eles mesmos dizem para a imprensa: “Não nos metemos na vida pessoal dos nossos contratados”. E é isso que acontece. Os intolerantes ligam pra lá pedindo para me demitir. Acontece disso.

Qual é a sua posição sobre o processo de impeachment que passou para o Senado Federal?

Acho que a Dilma vai dançar. Entregarão o Brasil para as raposas do PMDB. É esse o partido responsável pela queda da ciclovia no Rio de Janeiro, com o dono da empreiteira responsável pela obra ligado ao secretário de Turismo. É o PMDB do Pedro Paulo (candidato à prefeito) que bateu na mulher e revoltou todo mundo. É o partido do Eduardo Cunha. São esses os futuros comandantes do Brasil.

Você tem medo de sair às ruas depois desse episódio?

Não tenho medo. Vão fazer o que comigo? Me matar? Já me ameaçaram várias vezes.

Você participa do Domingão do Faustão neste domingo (24). Você foi desconvidado do programa por causa da polêmica, como afirmaram alguns jornais?

Não. Pelo contrário. Não é o objetivo da minha participação, mas posso falar se quiser.

O apresentador Danilo Gentilli criticou duramente a sua atitude, dizendo que a mulher que levou a cusparada ‘encontrou os pelos do sac* do Lula” em seu cuspe. Quer responder?

O Gentilli sempre apaixonado por mim. Não consegue me esquecer. Ele deve conhecer então os pentelhos do Lula?

CURTA O FACEBOOK OFICIAL DO DESORDEM SEM PROGRESSO CLICANDO AQUI


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Belas, ousadas e do bar. As autênticas primeiras-damas do Brasil

Marcela Temer, "Bela, recatada e do lar" segundo a Veja.
A revista Veja- maior circulante do Brasil- nos premiou com mais uma pérola. No momento de maior crise política dos últimos tempos- e apoiando claramente o hipotético e lamentável Governo Temer- o editorial da revista nos apresenta uma ideologia de visão da mulher que corresponde ao atraso oriundo do século XX, de uma mulher “Bela, recatada e do lar”. A personagem é a vice-primeira-dama, Marcela Temer. O objetivo de tal editorial é apresentar à população que o provável governo “golpista” (opinião estritamente pessoal) terá um retrato da “tradicional família brasileira”. Nota-se tradicional como aquilo ou aqueles que não são capazes de lidar com o novo.
            Surpreende e felizmente, o tiro saiu pela culatra. Imediatamente uma enxurrada de críticas propagaram-se nas redes sociais. Mulheres “normais” postaram aos montes seus momentos mais íntimos e que em nada tem a ver com o estilo que a revista tentou passar aos leitores. O retrato das mulheres, como mostraram as manifestantes da rede, deve ser feito por elas mesmas.
            Vale a pena lembrar que: O excelentíssimo vice-presidente Michel Temer, é acusado, principalmente via-delação premiada, de diversos crimes à serem julgados. Paira sobre ele a maior conspiração de um vice-presidente em exercício de mandato atualmente entre todas as democracias do planeta. Há também uma das maiores rejeições entre os “presidenciáveis”. Sem contar com os 58% de brasileiros que desejam seu impeachment imediatamente- apenas 3% a menos do que os que querem a saída de Dilma, segundo o DataFolha. Para quem quer ser representado como algo de “moral” e dos bons costumes, há de se maquiar muita coisa para que esta farsa passe batida.
Desculpe Veja, não foi, é ou será a Marcela Temer que representa a mulher do Brasil. A mulher brasileira é aquela que acorda seis da manhã para cruzar cidades em transportes públicos lotados, enfrenta o mais bruto dos machismos cotidianamente, faz comida para os filhos, ainda apanha, lava, passa, cozinha, cuida de casa ou não faz nada disso. Ela é bela porque o que faz é lindo. Não porque tem cabelo loiro e alisado. Ela é bela porque sempre prefere dar prioridade aos seus filhos. E quando não os tem, sempre há quem pensar antes. Mulher de verdade é assim. É delas. Ela é bela porque em seu rosto não sai o sorriso estampado- nem mesmo quando o filho está doente- peregrina em dezenas de hospitais públicos, é humilhada de todas as formas, enquanto a “bela” vice-primeira-dama está sorrindo ao lado de quem deveria estar construindo hospital ao invés de conspirar contra o próprio governo, o qual usurpou como pode nos últimos 12 anos. Ela é bela porque é brasileira e mesmo obrigada a ver capas como essas da revista Veja, não se deixa abater. Afinal, é só mais um dentre tantos absurdos e violações públicas de direitos.
Por felicidade, não são nada recatadas. São ousadas. São donas de casa, donas mesmo. Tomam cerveja, vão para boate, bar, bebe todas até cair (se quiser), fuma maconha (se quiser), aborta (se quiser e deveria poder), tem piercing, cabelo roxo, vermelho ou verde. Beija homem, mulher; beija os dois. E é recatada a hora que quiser. A mulher pode ser do lar, da rua, dona das finanças da casa. Pode bancar marido, ter 45 anos e namorar um de 25. São tantas descrições que seria como escrever um manual de tudo o que a mulher pode ser. Justamente- tudo. Se quiser, até presidenta!
Já disse em outras oportunidades: “Mulher nasceu para pilotar avião e não fogão”. Mas se quiser, que seja feliz no fogão. Não cabe à mida, ao governo, ao papa ou a mim definir o que é ou podem ser as mulheres. Cabe tão somente a elas. É vergonhoso fazer parte de um país aonde se preocupam mais com os costumes, aparências e estilos retrógrados querendo encaixar mulheres aonde não é possível. É como querer guardar um elefante em um aquário. Não há mais espaço para preconceitos. Fazem com as mulheres o mesmo que fizeram e fazem com os índios, negros, gays, haitianos.

Nosso congresso não nos representa. Homens e mulheres de bem, pobres, belos, recatados ou não, vocês são a maioria. A hora dos ignorantes está chegando e eles sabem disso. Mulheres gordinhas ou magrinhas. As que vestem manequim 36 ou 42 já apertado. Altas ou baixas; Loira, morena, careca ou cabeluda; recatada ou ousada; “do lar” ou do bar. São vocês, como quiserem, que são belas. Não deixem que falem, jamais, ao contrário. São vocês as autenticas primeiras-damas desse país. 

sábado, 26 de março de 2016

DIREITO DE RESPOSTA: Por que a bandeira do Brasil na varanda?




 

   Peço licença para dirigir esta carta aberta à administração do condomínio Estrelas, representativamente através de seu síndico, ao meu vizinho que anonimamente me fez uma denúncia e a quem mais tiver interesse de entender o motivo da pergunta explicitada anteriormente.

     Fui surpreendido durante o feriado com uma reclamação- via surpevisão- de que, haviam reclamado da bandeira do Brasil hasteada na minha varanda estava incomodando, tendo em vista que através do estatuto pendurar objetos é proibido. Antes de me ater aos motivos ideológicos que me levaram a colocar a bandeira na minha varanda, gostaria de salientar que: 1- A constituição federal diz: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. 2- “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a hora e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. 3- “a casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito (...). 4- “Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência (...) Postos os referidos termos da constituição federal, ressalto que: O estatuto do condomínio, sob hipótese alguma, pode violar o código civil ou a constituição federal. E em casos que se julgar necessário, cabe a justiça deferir se determinada regra para uso comum de um espaço privado, como um condomínio, não supera o direito constitucional individual. Digo isso porque me senti violado por uma denúncia anônima e por uma resposta tão imediata da administração sobre tal fato.

         Se tivesse sido questionado, diria ao meu vizinho e à minha administração que a minha bandeira está na varanda pelos mais variados motivos: Minha formação fundamental, médio e superior, me trazem uma bagagem que me permite ter o mínimo necessário, para que, em momentos de crises político-econômicas como a que vivemos, eu tenha o direito – garantido na constituição- de me manifestar. Optei por colocar uma bandeira na varanda porque não me sinto representado por um movimento que pede o impedimento do mandado de uma presidenta que terá como conseqüência hipotéticos mandatos de Michel Temer, Eduardo Cunha ou Renan Calheiros. Tampouco me sinto representado por um partido que fez do poder sua máquina de corrupção para se perpetuar onde está. Coloquei a bandeira porque não acredito em mocinhos ou vilões. Não tenho Lula como herói, mas jamais o Aécio será meu herói. Coloquei minha bandeira porque tenho capacidade de criticar o governo que aí está, porque tento sair do senso comum e tentar entender como avanços consideráveis aconteceram na questão social nos últimos anos, reconhecê-los e avaliar exatamente o que não pode ficar como está. Coloquei minha bandeira porque eu prefiro fazer isso a bater panela. Coloquei também porque sou grato à política de cotas, que trouxe o negro inferiorizado por décadas para a universidade, reconheço esse avanço, quero que ele perpetue, mas não responsabilizando um governo ou outro por o que acontece de bom ou ruim. Minha bandeira está lá porque não faço política partidária. Faço política, assim como todos fazem- querendo ou não- participando ativamente, principalmente através do ensino superior, dos debates políticos e questões que envolvem o coletivo. Motivos não faltam.

           Aproveito para agradecer ao vizinho, por perceber que há desejo de se manter a ordem e tornar esse condomínio o mínimo aceitável para a convivência em coletivo, o que de fato ainda não é realidade- lamentavelmente. Tendo em vista a vontade de melhorias, listo a seguir algumas prioridades que o ilustre vizinho poderia colaborar, pressionando com o mesmo vigor com que teve para questionar a minha bandeira, assim com a administração para solucionar:
-Já superam 30 dias que a academia conta com apenas 1 ar-condicionado funcionando em plena qualidade. Durante 6 dias de março a academia funcionou sem nenhum ar-condicionado. Até quando?

-As bicicletas da sala coletiva estão quebradas. Apenas 3 funcionam de maneira aceitável para as condições mínimas de segurança. Até quando?

-O lixo, que teve seu ápice em fevereiro passado é mal organizado, desde os condôminos até a administração do condomínio. O relato da sujeira absurda gerou uma crise sanitária de roedores, de conhecimento de todos. A situação ainda é ruim. Até quando?

- Moradores continuam sem saber usar piscina. Comem e bebem na água ou bem perto dela. Não se enxáguam antes de entrar na piscina. Não tiram o protetor solar ou bronzeador antes de entrar na piscina. Até quando?

-A estrutura do condomínio está caindo, literalmente aos pedaços. É só você sair de manhã que os pedaços que se desprendem e são vistos no térreo. Se uma bandeira incomoda, imagina a destruição oriunda da falta de manutenção. Até quando?

    Poderia listar dezenas de situações que passam pela falta de educação, administração e coletividade. Apenas citei alguns que me levaram à reflexão de o quão esse condomínio é carente de ações em prol do coletivo que seria eficaz, caso a massa se mobilizasse para tentar alterar o quadro.  Enfatizo:“Naqueles condomínios em que a lei do bom senso prevalece, nenhuma outra tem vez”. Caríssimos vizinho e administradores. Peço-lhes bom senso. Não estamos na fina da copa do mundo ou em olimpíadas, mas tenho o direito- repito constitucional- de me manifestar da maneira que achar melhor. E se, em casos de eventos esportivos, há bom senso de aceitar manifestações, como a minha agora não caberia?

          Por fim agradeço. Pendurar uma bandeira é só pendurar ela lá. É uma manifestação silenciosa, que permite que cada um que veja, interprete sob sua inteira ótica. O que estou fazendo agora, porém, manifesta diretamente motivações, causas e finalidades para tal protesto. E isso vale muito mais. Vou tirar a bandeira hasteada. Primeiro porque sei conviver em democracia, sei respeitar regras e sei aonde o direito do outro termina pro meu começar. Afinal, como disse, era só uma bandeira, mas as ideologias, a incansável motivação para ter um país aonde olhar para a vida alheia seja menos importante do que a maioria insiste em fazer, jamais me abandonarão. Tiro a bandeira, e hasteio a vergonha alheia, na esperança de que de fato, um dia algo mude para que possamos ter verdadeiramente ordem e progresso.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Bolsonaro: Chuva de respeito, não de glitter.



Deputado Federal Jair Bolsonaro em mais um episódio com a causa GLS. (Foto: Metro 1).


Aos que menos interessam, os gays e simpatizantes, a batalha travada contra o deputado federal, Jair Bolsonaro (PP) ganhou mais um capítulo. Ao desembarcar em terras gaúchas, o deputado foi abordado por manifestantes das causas GLS que, em ato de protesto um tanto quanto duvidoso, jogaram uma chuva de glitter ou a famosa purpurina sob o Bolsonaro.

Como toda a história, o lamentável episódio tem vários lados. A problemática em questão é:  Por que os gays foram até o aeroporto para tal atitude com um senhor que não merece o menor destaque. Ao protestar dessa maneira, um palanque gratuito foi erguido para que o próprio estivesse como vítima em diversos meios noticiosos. Valeu até um artigo, este.

Jair Bolsonaro é notoriamente um deputado conservador, que vai ao contrário do que qualquer brasileiro que prega pela igualdade, respeito e liberdade independente de gênero, raça, religião prega. É relativo taxá-lo de homofóbico, mesmo que não faltem indícios, mas de fato, a excelência, ao meu ver, não poderia ter tais posturas tão segregativas com a causa gay, ocupando um poder público como o qual ocupa.

Essa guerra travada entre a tradicional família brasileira, como venho falando em artigos (Leia Mais aqui) é desproporcional. A população gay, que tem simpatizantes - e muitos- não vive uma batalha igual com os preconceituosos. Nenhum deputado que levanta bandeira da diversidade vai ao ataque contra os direitos alheios. Em todos os âmbitos, os que representam em esfera pública tais pessoas, apenas lutam para que outros- e evidentes- direitos sejam garantidos. Homofobia deve ser crime para já. Não há mais o que se discutir ou esperar.  Hoje, é muito problemático para algumas pessoas entender que os direitos GLS são direitos e não favores, mas já foi assim antes. O apartheid está aí para quem quiser se lembrar do absurdo que fizeram com os negros. Um dia, vamos olhar para trás e haveremos de pensar o que foi feito com a população GLS.

Essa batalha deve acabar. Mas não vai ser com chuva de ódio, intolerância, desrespeito ou de gliter. Será com muita compaixão, respeito e tolerância com o outro, independente de como ele seja, se porte ou passe a se portar. A individualidade, desejos e personalidades não devem ser reprimidos pelo preconceito ou pressão social. Meus amigos gaúchos tem o meu respeito pelo protesto, porém, que não precisemos mais ter que tomar atos como este. É chegada a hora de entender, de uma vez por todas, que somos todos iguais. E precisamos de representantes na política partidária que entendam a urgência de apoiar a causa GLS, no que diz respeito à inclusão. Digo mais, chuva não é o suficiente: Precisamos de uma tempestade de respeito- e um pouco de glitter (para quem quiser). 

Leia Mais: Babilônia e a hipócrita "família brasileira"
                     Voto Dilma porque a verdadeira mudança perdeu no primeiro turno.
                     Para sempre, Nelson Mandela
Facebook:    DESordem SEM progresso   

domingo, 22 de março de 2015

Babilônia e a hipócrita "família brasileira"

Reprodução: TV Globo.


Março de 2015 e nos deparamos com mais um "açoitamento moral" com o diferente.  A novela das 21 horas da emissora que é a terceira maior do mundo, TV Globo, Babilônia, estreia dando um soco no estômago do preconceito. Duas das grandes artistas deste país, Fernanda Montenegro e Nathália Timberg, se beijam, assim como qualquer ser humano que é casado durante 35 anos. 

A repercussão foi imediata, assim como tudo o que acontece na televisão brasileira. Os preconceituosos defensores da moral e dos bons costumes fizeram e fazem campanha contra a atração. Sentem-se enojados em ver o amor entre lésbicas na terceira idade. São tantos preconceitos acoplados que fica complicado saber o real deles. Seria pela homossexualidade? Pela idade? O machismo transformado em preconceito homofóbico? Eu chuto em todos. 

A bancada evangélica no congresso teve a cara de pau de se aproveitar do episódio para pedir o boicote da atração por parte de seus fiéis. Engraçado se não fosse trágico. Foi por conta da moral e dos bons costumes que as mulheres foram e são até hoje inferiorizadas. Pelos mesmos motivos negros foram escravos, sofreram todos os tipos de privação dos direitos humanos e ainda sofrem até hoje na pele os reflexos dos que acreditam que podem ditar o que é certo ou errado. Ou pior, tudo oriundo de uma divindade que tem respostas em religião. Não precisa nem lembrar dos índios, pobres.. todos totalmente excluídos. 

Hoje ninguém tem preconceito com nada. Só com gays. Mas as mulheres continuam ganhando menos, os negros continuam sendo os mais pobres, na televisão são raridade e quando ocupam lugar de destaque viram evento que parece o de circo.  Ao que parece o preconceito continua por aí. No Brasil, o país da moral e dos bons costumes, a maioria dos deputados do congresso nacional é homem. A bancada evangélica só fala em combate aos gays. E os gays só tentam ser felizes. Alguma coisa está errada nessa lógica. Infelizmente a intolerância continua ganhando, pois ganha destaque, manchete e até discussão. Inclusive este artigo, motivado por uma onda de intolerância louca e inexplicável. 

Em discussão recente com meus familiares eu disse: "É muito importante que essas duas estejam atuando nos papéis que estão. Não só causas gays, não são só duas mulheres, são duas grandes estrelas representando pessoas que sofrem diariamente com o que são. Defendam essas causas, respeitem o diferente e quem não gostar, só desligue a televisão ou mude de assunto". Com felicidade que me cabe, consegui plantar a semente na minha família. Uma semente que vai semear e cada vez mais o respeito vai estar entre nós. Ou será que os preconceituosos de plantão só acham legal quando o gay é esteriótipo, uma mulher gostosa ou um homem sarado? E quando chegam aos 50, morrem? É impensável que gays e lésbicas vivam juntos até os 90 anos? Absurdo! Descobriram isso em uma novela. Patético. 

Não é uma novela,  uma história ou algum preconceito. A sociedade está enraizada de todos os tipos dele. Só quem é hétero, branco e rico está livre de sofrer diariamente com a intolerância. Isso merece ser crime, doa a quem doer. Sofra o religioso que sofrer, um dia, mais cedo ou mais tarde, a verdade vai prevalecer. Hoje, quem defendia a escravidão ou racismo se envergonha. Quem foi machista nem pensa em brincar ou fazer piada de mulher perto de uma mulher que se dá ao respeito e não se cala. 

Pode demorar 10, 20 ou 50 anos, um dia, porém, vamos olhar para trás e dizer: "Que tipo de gente éramos? Que sociedade foi essa?". Um gay ou uma lésbica nunca está sozinho. Apesar da maioria sofrer com repressão de familiares, outros tantos recebem apoio e orgulho da família pela pessoa que é e não com quem beija. Não importa se você vai assistir Babilônia ou novela bíblica, se você é a favor ou contra. Apenas respeite.  

O gay não serve só para ser o "melhor amigo gay" como muitos citam. Ou para ser só a melhor amiga lésbica. Todos são mais do que isso. Enquanto gay for adjetivo e não estiver enraizado de maneira respeitosa em todos, estaremos perdidos. Você não diz que tem um melhor amigo hétero, portanto, não diga que tem um gay. Hora de mudar, agora!

Facebook: https://www.facebook.com/desordemsemprogressoms